quarta-feira, janeiro 27, 2010

Devaneio Poético

A poesia é como o vento
Ela está em todo lugar
Independente do tempo
Espaço
Da vida e da morte
Mesmo que no fim não sobre nada
Existirá a poesia
Porque a poesia é como Deus
Sublime
Superior
Invisível
Onipotente
A poesia esbarra em nós e nem nos damos conta
Nossos olhos muitas vezes estão embaçados
A poesia é “microcósmica”
O problema é que quase ninguém sente a poesia
E assim perde tempo, espaço e sentido
Pois a poesia é como qualquer salvação
É preciso que a busquemos.
É imprescindível que a guardemos dentro de nós!

por Ewertton Nunes

sábado, janeiro 23, 2010

O Sol/Reflexo Ativo

Eu sou o sol,
Eu sou o caminho,
Eu sou o núcleo,
A força de todo esse sistema planetário.

Eu sou o sol,
Sou luz que emana da inteligência, da bondade e do amor.

E que às vezes a impureza dos espíritos me dificultam,
Criando uma densa camada de neblina como no amanhecer de um dia frio e triste.

Às vezes os homens me decepcionam, e às vezes até me ofendem.

E porque me ofendem ?
Por acaso fui eu quem destruiu suas ilusões ?
Porque me mágoas destruindo meu jardim ?
Por acaso minhas as flores serão mais belas dos que as que você poderá cultivar se quiser ?
Porque você quer destruir as minhas árvores ?
Por acaso não permito que você desfrute de suas sombras e seus frutos ?
Porque você quer destruir os sentimentos e a pureza das minhas crianças ?
Será pelo fato de ser pesado o seu fardo nesta vida ?
Ou será uma sórdida vingança por terem destruido sua pureza e seus sentimentos ?
Porque você quer destruir a fé que guia os meus irmãos ?
Não será o seu Deus o mesmo que o meu ?
Porque você quer aprisionar meus pássaros ?
Por acaso lhê foi negado um dia poder voar ?

Não, nada lhê foi negado. Tudo lhê foi dado.

Não destrua suas próprias ilusões,
E plante flores, árvores,
Para que seus amigos sintam o aroma,
E descansem a sua sombra.

Ame seus filhos como foi amado.

Toque com a ponta dos dedos o seu Deus e vôe,
Vôe bem alto, o mais alto que puder,
Usando sua força criativa,
Porque das forças criativas nasce o nosso saber,
Do nosso saber nasse o nosso prazer.

Meu prazer é ver crianças sorrindo,
Meu prazer é ver mãos se abrindo.

E é por isso que eu faço força pra acreditar:
Que o homem um dia vai evoluir pra poder amar
E amar muito mais pra poder evoluir...

Casa das Máquinas
disco Lar de Maravilhas
de 1976
música O Sol/Reflexo Ativo

"eu vou viver bem longe"...

"eu vou viver bem longe,
bem perto do infinito
todos vão dizer que saí para fugir
e eu vou dizer que saí para mudar
há um mundo lá fora
é só abrir!"

Letra de "é só curtir" - A Bolha de 1970 - Proibida pela censura

quarta-feira, janeiro 20, 2010

Terra

Deusa dos olhos volúveis
pousada nas mãos das ondas:
em teu colo de penumbras,
abri meus olhos atônitos.
Surgi do meio dos túmulos,
para aprender o meu nome.

Mamei teus peitos de pedra
constelados de prenúncios.
Enredei-me por florestas,
entre cânticos e musgos.
Soltei meus olhos no elétrico
mar azul, cheio de músicas.

Desci na sombra das ruas,
como pelas tuas veias:
meu passo – a noite nos muros –
casas fechadas – palmeiras –
cheiro de chácaras úmidas –
sono da existência efêmera.

O vento das praias largas
mergulhou no teu perfume
a cinza das minhas mágoas.
E tudo caiu de súbito,
justo com o corpo dos náufragos,
para os invisíveis mundos.

Vi tantos rostos ocultos
de tantas figuras pálidas!
Por longas noites inúmeras
em minha assombrada cara
houve grandes rios mudos
como os desenhos dos mapas.

Tinha os pés sobre flores
e as mãos presas, de tão puras.
Em vão, suspiros e fomes
cruzavam teus olhos múltiplos
despedaçando-se anônimos,
diante da tua atitude.

Fui mudando minha angústia
numa força heróica de asa.
Para construir cada músculo,
houve universo de lágrimas.
Devo-te o modelo justo:
sonho, dor, vitória e graça.

No rio dos teus encantos,
banhei minhas amarguras.
Purifiquei meus enganos,
minhas paixões, minhas dúvidas.
Despi-me do meu desânimo –
fui como ninguém foi nunca..

Deusa dos olhos volúveis,
rosto de espelho tão frágil.
Coração de tempo fundo,
– por dentro das tuas máscaras,
meus olhos, sérios e lúcidos,
viram a beleza amarga.

E esse foi meu estudo
para o ofício de ter alma;
para entender os soluços,
depois que a vida se cala.
– Quando o que era muito e único
e, por ser único, é tácito.

Cecília Meireles

terça-feira, janeiro 19, 2010

Eu Apenas Queria Que Você Soubesse




Eu apenas queria que você soubesse
Que aquela alegria ainda está comigo
E que a minha ternura não ficou na estrada
Não ficou no tempo presa na poeira

Eu apenas queria que você soubesse
Que esta menina hoje é uma mulher
E que esta mulher é uma menina
Que colheu seu fruto flor do seu carinho

Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta
Que hoje eu me gosto muito mais
Porque me entendo muito mais também

E que a atitude de recomeçar é todo dia toda hora
É se respeitar na sua força e fé
E se olhar bem fundo até o dedão do pé

Eu apenas queira que você soubesse
Que essa criança brinca nesta roda
E não teme o corte de novas feridas
Pois tem a saúde que aprendeu com a vida
...

Soneto da hora final

Será assim, amiga: um certo dia
Estando nós a contemplar o poente
Sentiremos no rosto, de repente,
O beijo leve de uma aragem fria.

Tu me olharás silenciosamente
E eu te olharei também, com nostalgia
E partiremos, tontos de poesia
Para a porta de treva aberta em frente.

Ao transpor as fronteiras do Segredo
Eu, calmo, te dire: - Não tenhas medo
E tu, tranquila, me dirás: - Sê forte.

E como dois antigos namorados
Noturnamente tristes e enlaçados
Nós entraremos nos jardins da morte.

Vinicius de Moraes

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Epigrama n. 2

És precária e veloz, Felicidade.
Custas a vir e, quando vens, não te demoras.
Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo,
e, para te medir, se inventaram as horas.

Felicidade, és coisa estranha e dolorosa:
Fizeste para sempre a vida ficar triste:
Porque um dia se vê que as horas todas passam,
e um tempo despovoado e profundo, persiste.

Cecília Meireles

Liberdade...

"Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."

Cecília Meireles - Romanceiro da Inconfidência

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Pitanga: uma fruta bem brasileira





A pitanga, fruto da pitangueira (Eugenia uniflora L.), pertence à família botânica das Myrtaceae. É uma planta frutífera nativa do Brasil, da Argentina e do Uruguai. O seu nome vem da palavra tupi "pyrang", que significa "vermelha". Já era apreciada pelos colonizadores que a cultivavam em suas residências, e de seus frutos que produziam doces e sucos, além de utilizarem suas folhas na medicina popular. Apesar de sua origem tropical, seu cultivo já se encontra difundido por diversos países, podendo ser encontrada no sul dos Estados Unidos, nas ilhas do Caribe e em alguns países asiáticos. No Brasil, a região nordeste é a única a explorar comercialmente esta fruta de alto potencial econômico. A pitangueira frutifica de outubro a janeiro, e existe uma grande variação na coloração da fruta, indo do laranja, passando pelo vermelho, e chegando ao roxo, ou quase preto.

As folhas da pitangueira têm conhecidas atividades terapêuticas, tendo sido usadas no tratamento de diversas enfermidades, como febre, doenças estomacais, hipertensão, obesidade, reumatismo, bronquite e doenças cardiovasculares. Tem ação calmante, antiinflamatória, diurética, combate a obesidade e também possui atividade antioxidante. Os extratos da folha da pitangueira, assim como de outras espécies nativas, também apresentam atividade contra Trypanosoma congolense (doença do sono), e moderada atividade bactericida, sobre Staphylococcus aureous e Escherichia coli.

Há uma variedade de compostos secundários, ou fitoquímicos, já identificados nas folhas da pitangueira, como flavonóides, terpenos, taninos, antraquinonas e óleos essenciais. No entanto, sobre a fruta da pitangueira existem poucos estudos, identificando somente algumas antocianinas e carotenóides. Pesquisas mostram que o conteúdo de fitoquímicos é maior em pitangas maduras do que semi-maduras e estes compostos de uma maneira geral estão concentrados na película da fruta, ou seja, na casca, sendo encontrados em menores concentrações na polpa. Para a pitanga, isto não chega a ser um problema já que, geralmente, é consumida sem a retirada da fina casca que protege a polpa.
Muitos estudos demonstram que o consumo de frutas e hortaliças, principalmente as coloridas, trazem benefícios à saúde. No entanto, nenhum mostra a relação do consumo de pitangas e prevenção ou combate de doenças. Neste sentido, a Embrapa Clima Temperado está iniciando um projeto em que a pitanga será estudada quanto ao seu potencial na prevenção de câncer, uma doença crônica não-transmissível. Em trabalhos preliminares, extratos de pitanga de coloração alaranjada foram testados em algumas linhagens de células cancerígenas (câncer cólon-retal, câncer de pulmão, câncer renal, câncer de mama, câncer de ovário), demonstrando redução na proliferação e viabilidade celular. Neste projeto será focado o câncer de cólon e serão feitos estudos desde a obtenção e estabilização do extrato, até a identificação dos compostos fitoquímicos e estudos em células cancerígenas de cólon e em animais modificados geneticamente para desenvolver o câncer de cólon. Este projeto conta ainda com a parceria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos.

Fonte:Embrapa

terça-feira, janeiro 05, 2010

nem anjo, nem torto...


Quando eu nasci, não vi nenhum anjo solicitar qualquer comportamento revolucionário. Eu nunca vi anjo. Mas me disseram que os anjos estão em toda parte nos protegendo. Se eu fizer uma revolução para dar cabo da miséria e gerar sustentação decente aos pobres, os anjos me protegerão.

Mas os anjos também protegem os grandes empresários que se valem das filas de desempregado para estabelecerem suas próprias CLT. Dizem que os anjos protegem sem tanto critério de seleção. Não se pode negar a ninguém o direito de ter um anjo.

A humanidade não enxerga anjos e teme revoluções. Fala-se de paz, como se houvesse paz nesse turbilhão. Corre-se da briga, do sangue, como se fosse possível superar um mal sem dor. Acredita-se em igualdade de chances a todos.

Para vivermos em paz, haverá uma guerra entre os anjos. Lá, em outra dimensão, as flechas usadas para as paixões atravessarão envenenadas as testas com cachinhos dourados, sangrarão peitos numa carnificina angelical que não traumatizará a humanidade. Acho que os bons vencerão.

Uma parte da legião está trabalhando e muitos estão parados. Fui convencido de que deveria esperar a revolução dos anjos. Como não se faz revolução sozinho, nem silenciosamente, espero que os anjos dêem um sinal.

por Marco Salazar


"é melhor morrer de pé do que viver de joelhos."

Emiliano Zapata

O Broto e o Espinho


É o pé que procura a topada, o sorriso desemboca na cara, é belisco em mão suada, é certeza de tudo de nada. O BROTO NOVO com vida e dor, espreita perdida os caminhos do ar, o simples resolve o que não se diz e todo o complexo a gente deixa pra lá. Menino brincando de ser feliz, só hoje desafia o universo a bailar, esquece do tempo viaja e cai, no mundo sorrido tentando falar:

“Que tanto esperou ser feliz, assim fez algum triste aproveitar, inseguro do futuro em coração vagabundo, solta a capa do medo e vem aproveitar...”

Mas disse o poeta com propriedade: “foi do medo que se fez o homem”. E a morte, silenciosa no seu caminhar, espreita sozinha à minha procura. A delícia loucura que vivo, não cabe em mim e não pode esperar.

por Marcelo Souza

Naná Vasconcelos


Um dos maiores percussionistas do mundo, título atestado pelos diversos prêmios de Melhor do Ano, concedido por publicações como a americana Downbeat, ou pelo júri do Grammy. Naná começou profissionalmente como baterista, no início dos anos 60, no Recife. O berimbau entrou em sua vida casualmente, quando participava de um musical no Recife. Curioso, ele expandiu os limites do aparentemente limitado instrumentos a horizontes inimagináveis. em 1967, no Rio, passou a tocar com os mais importes músicos da época, de Milton Nascimento aos Mutantes. Com o saxofonista argentino Gato Barbieri, Naná Vasconcelos ganhou o mundo. Hoje tem uma biografia riquíssima, e uma discografia praticamente impossível de ser relacionada, pela quantidade de gravações, com os mais diversos músicos, dos mais diversos países, com os quais ele já gravou. Depois de morar alguns anos na França, Naná Vasconcelos fixou residência em Nova Iorque. No final dos anos 90, voltou a morar em sua cidade natal, mas viaja constantemente para shows no exterior.

Fonte
: http://www.musicadepernambuco.pe.gov.br